Pensamentos Soltos
Sou completamente a favor da calma e da serenidade quer seja no ser quer seja no estar. Talvez por isso, só escreva com emoção, por prazer e sempre com uma intenção de partilha. Não tenho qualquer pretensão de vos ensinar seja o que for. Pretendo, apenas, partilhar ideias que vos façam refletir. O que fazem com essa reflexão são vocês que decidem!
2020 tem de ser recordado para sempre
A dois meses do Natal tenho ouvido muitas pessoas a dizerem que querem que o ano passe rápido para se esquecerem que ele existiu. Eu penso exatamente o contrário. Se há coisa que não quero esquecer é este ano. Apesar de ter sido um ano de perdas sejam elas de pessoas, de liberdade, de abraços, de concretizações, também foi um ano de desacelerar, de muita reflexão, de escolha de caminhos, de quebra de paradigmas, de muita aprendizagem, e de alguns encontros que me fazem sorrir e me aquecem o coração. Já por aqui escrevi que “não quero a minha antiga vida de volta”, e não quero porque para mim vai ser impossível viver da mesma forma perante todos os acontecimentos deste ano. É urgente valorizarmos o que tem estado ausente seja a espontaneidade de uma visita ou de um abraço, o embarque num avião, a conversa próxima ou mesmo juntarmo-nos
Cuidar de ti
Ao longo da minha carreira tenho ouvido sucessivamente a mesma pergunta “mas pensar em mim, não será egoísmo?”. Ao longo da vida tenho respondido sempre a mesma coisa “primeiro temos de cuidar de nós para podermos cuidar dos outros”. Continuo a pensar o mesmo. Só cuidamos verdadeiramente do outro quando estamos bem connosco, quando nos conhecemos verdadeiramente, quando nos aceitamos como somos, e quando aceitamos a vida como ela é. Quando cuidamos do outro sem cuidar de nós corremos o risco de o fazer por egoísmo até porque vamos estar sempre à espera de uma recompensa, e daí surgem as cobranças. Quando cuidamos de nós tornamo-nos pessoas bem resolvidas sem esperar nada em troca. Sem cobranças do que foi feito, sem acusações, sem mesmo pensar que não o devíamos ter feito. Arrependermo-nos de cuidar é por si só revelador de que estávamos à espera de alguma coisa. E quem cuida verdadeiramente não
Somos a soma de quem amamos
– Eu nem quero ouvir falar nele, disse-me ela, enquanto mordiscava o gelado. – Mas porquê? – perguntei eu. – Ainda perguntas porquê? – Sim, fez parte da tua vida. Viveram um amor tão bonito … – Já te disse que não quero ouvir falar disso. Calei-me. Calei-me, mas apetecia-me dizer-lhe que, negar aquele que lhe permitiu viver o amor, estava a negar uma parte de si. É querer apagar uma parte de quem foi e de quem foram. E o amor deles foi tão bonito. Desgastou-se, afastaram-se, mas não deixou de ser bonito. Interessante como um amor tão forte deu origem a uma raiva de alta intensidade. Há quem diga que a linha que separa o amor do ódio é muito ténue e com eles isto é bem visível. Saí de perto dela e lembrei-me de ti. Não deixa de ser interessante a forma como recuperamos memórias. Lembrei-me das