Cuidar de ti

Ao longo da minha carreira tenho ouvido sucessivamente a mesma pergunta “mas pensar em mim, não será egoísmo?”. Ao longo da vida tenho respondido sempre a mesma coisa “primeiro temos de cuidar de nós para podermos cuidar dos outros”. Continuo a pensar o mesmo. Só cuidamos verdadeiramente do outro quando estamos bem connosco, quando nos conhecemos verdadeiramente, quando nos aceitamos como somos, e quando aceitamos a vida como ela é. Quando cuidamos do outro sem cuidar de nós corremos o risco de o fazer por egoísmo até porque vamos estar sempre à espera de uma recompensa, e daí surgem as cobranças. Quando cuidamos de nós tornamo-nos pessoas bem resolvidas sem esperar nada em troca. Sem cobranças do que foi feito, sem acusações, sem mesmo pensar que não o devíamos ter feito. Arrependermo-nos de cuidar é por si só revelador de que estávamos à espera de alguma coisa. E quem cuida verdadeiramente não está à espera de nada em troca.

É por essa razão que acredito cada vez mais que ao desenvolvimento pessoal tem de estar agregada a noção do todo. Eu faço parte do outro, e o outro faz parte de mim. Já perdi a conta às histórias que ouvi, e as questões são transversais ao género, profissão, situação económica, grau académico ou mesmo áreas geográficas. Procuramos todos aceitação, amor, compreensão, bem-estar, serenidade e felicidade. Mas para que serve tudo isto se estivermos isolados? De que serve tudo isto se vivermos numa redoma de vidro onde não nos relacionamos? Que interessa estarmos cheios de amor se não o mostrarmos ao mundo? Que interessa termos isso tudo se nos tornarmos reservados em relação aos outros?

– A vida ensinou-me que não podemos confiar em ninguém – dizia-me alguém há uns dias

– Será que a vida te ensinou  só isso ou foi apenas o que quiseste aprender? – perguntei eu, em jeito de desafio.

Já me cruzei com o mais variado tipo de pessoas. Já tive momentos tão maus que o mais natural era também eu acreditar que não se pode confiar em ninguém. Mas recuso-me. Recuso-me a acreditar nisso porque ao fazê-lo a vida perdia todo o sentido. Recuso-me, também, a aceitar que os outros me mudem naquilo que eu sou. Na vida cruzamo-nos com todo o tipo de pessoas, cabe-nos a nós decidir se ficamos ou se partirmos. Não por medo, cobrança ou egoísmo, mas por respeito áquilo que é a nossa essência. E só quando estamos bem resolvidos é que o conseguimos fazer sem olhar para trás. Por isso cuidares de ti não é um acto de egoísmo, mas um ato de amor à tua essência e à tua alma.

Cuida de ti e lembra-te de cuidar do outro! Cuida do outro e lembra-te de cuidar de ti!

Sempre com muito amor!

#fazdatuavidainspiração

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